“Antes mesmo de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que viesses ao mundo, Eu te separei e te designei para a missão de profeta para as nações!” Jr 1,5
A Paróquia Cristo Bom Pastor, decanato de Ibiporã celebrou nesse dia 10 de março de 2019 a posse do Pe Celso Copetti como novo pároco. Em conversa com a PASCOM paroquial, Pe Celso fala de sua experiência pastoral e suas perspectivas para a nova missão. Acompanhe:
Celso Pedro Copetti é natural de Sananduva, Rio Grande , nasceu em 1º de janeiro de 1964, 6º filho numa família de 10 irmãos. Os pais eram agricultores e para além do cultivo da terra, cultivam uma espiritualidade mariana, com a reza do terço em família. A infância foi marcada pelo cuidado e busca de novos caminhos.
Para estudar chegava a caminhar cerca de 9 km até a escola, e demonstrava muito interesse por futebol. No quinto ano primário recebeu de Pe. Valdir Susin uma proposta irrecusável: “Jogar num time que nunca perde!” O convite instigou o coração seu coração de menino, acostumado a jogar no pequeno time da escola, que mais perdia que ganhava. Pouco tempo depois em 1980, dia 12 de janeiro precisamente, entrou para um cursinho e em 12 de março entrava para o Seminário em Fazenda Souza, RS, onde estudou os primeiros anos, concluindo na época o chamado ensino médio.
A seguir foi para Brasília, em Planaltina, onde fez um ano de noviciado, e dois anos de filosofia no Guará, tempo esse que também trabalhou com crianças e adolescentes empobrecidos no Centro Técnico Social. Eram 120 crianças e se fazia de tudo. Pe Celso desenvolveu vária atividades formativas junto aos pequenos, pois, diante da grande pobreza, precisavam a gerar renda, produzindo cadeiras, mesas e brinquedos que os educandos levavam para casa.
Em 1991 veio para Londrina cursar Teologia, tempo esse que ainda traz em seu coração, ficou 02 anos e foi para Araranguá, onde permaneceu por um ano, trabalhando com crianças e adolescentes. Em 1996 concluiu o Curso de Teologia.
Em 12 de janeiro de 1997 foi ordenado Sacerdote, na ordenação sacerdotal foi comunicado pelo Provincial que deveria ir para a Colômbia. Em 02 de agosto de 1997 foi para Quito, Equador, aprender o idioma e em seguida para Bogotá, na Colômbia, onde permaneceu por quase dezesseis anos. Na Colômbia dedicou-se ao trabalho e atenção aos meninos e meninas em situação de rua, desde alimentação, cursos, educação e até missas celebradas na rua. Nesse tempo também ajudava nas atividades paroquiais, nos diversos comitês, como eram chamados os grupos e na Obra Social, que na época se dava em regime de internato. Pe Celso ajudou na construção e reforma da igreja, na casa de retiro e casa de convivência. Diante da difícil realidade vivenciada pelo povo colombiano, eram também realizadas atividades no campo, onde plantavam e ensinavam as crianças como cuidar da terra e produzir alimentos, pois muitas delas vinha de realidades rurais e experimentavam dificuldades.
Em 2013, em 12 de janeiro voltou ao Brasil, nos primeiros dias dedicou-se aos cuidados com a mãe que fazia tratamento de saúde. Logo a seguir ajudou na
elaboração do livro dos 100 anos da Província, trabalhando na tradução para o espanhol e na escrita da história de algumas comunidades.
No dia 12 de maio de 2013, foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou por quase 06 anos. Parte do tempo dedicado à paróquia, no apoio aos grupos, liturgia. catequese, Mães Apostólicas, Leigos Amigos de Murialdo e demais atividades pastorais e, a maior parte na obra social, a grande missão da Congregação dos Josefinos de Murialdo. “Se não cuidamos das crianças, não fazemos nada pela humanidade.” Nesse tempo a Obra Social se estabilizou, aconteceram progressos, provando o grande amor de Deus com os pequenos e sua fidelidade aos que se dedicam ao cuidado dessa gente.
Em dezembro de 2018, surge o convite para assumir a Paróquia Cristo Bom Pastor. Apesar do pouco tempo em Londrina, já se inteirou do XVII Plano Arquidiocesano de Ação Evangelizadora e da realidade das comunidades paroquial. Bastante atendo ao seguimento de Jesus de Nazaré, Pe Celso afirma: “Uma prioridade é a formação. Tanto a catequese, quanto a liturgia, jovens e demais grupos, especialmente os GBRs necessitam de uma formação bíblica, não só para os grupos mas para toda a comunidade, para fortalecer a fé, e caminho e o seguimento a Jesus Cristo, a ação pastoral e o serviço.”
O XVII Plano Arquidiocesano de Ação Evangelizadora traz algumas prioridades e uma delas é a liturgia, depois os GBRs e por fim a celebração de tudo isso com os demais grupos presentes na realidade paroquial. ”Eu gostaria que a paróquia fosse unida, e que eu fosse acolhido como parte dessa comunidade, e assim poder cuidar bem dela, e cuidar da paróquia é cuidar das pessoas que aqui vivem, cuidar dos seres humanos, promover a vida plena e os valores do Evangelho.”
Nessa perspectiva o novo pároco compreende a importância do trabalho dos leigos e leigas no dia a dia das comunidades, “todos os movimentos e pastorais precisam ser apoiados, mas é preciso que estejam também inteirados das ações propostas pela arquidiocese, temos aí o XVII Plano de Ação Evangelizadora que precisa ser conhecido e praticado em unidade com a proposta da Congregação dos Josefinos de Murialdo, vivenciar o carisma e a mística Josefina, formando assim comunidades, e comunidades de amor, do cuidado e do serviço; que se respeitem e se valorizem, e que em qualquer comunidade que se chegar perceba esse modo de viver e ser cristão comprometido. Que as pessoas possam se sentirem seguras na missão, sem medo de julgamentos e comentários maldosos. Essa “COMUM UNIDADE” em todos os sentidos fará a comunidade crescer.”
Segundo Pe Celso para alcançar os objetivos é preciso estar atento aos fatores que impactam a vida da comunidade paroquial: Financeiro, religioso, espiritual e formativo. “Esses fatores se complementam e precisam caminhar em harmonia, respeitando o carisma de cada um e cada uma, contribuindo na promoção do Evangelho e defesa da vida. Nesse sentido o pároco orienta as comunidades, seguindo as linhas pastorais da arquidiocese, em unidade com a igreja local e do Brasil.”
Sobre sua vinda para Londrina, para a Paróquia Cristo Bom Pastor, onde já esteve no período de formação, Pe Celso afirma estar agradecido e animado: “Tudo é graça, pois Deus é amor!” “Espero que a comunidade me acolha bem, já senti isso, mas espero que estejam dispostas a trabalhar junto comigo, se tiver que criticar que critique, mas que trabalhe. Que possamos ver as coisas acontecerem, e isso só será possível se nos unirmos, aproveitando os espaços de decisão e reflexão como os Conselhos Pastorais Paroquiais e Comunitários.”
Desde sua chegada na Paróquia, já aconteceram varias reuniões e encontros com pastorais e movimentos específicos, e agora também acontecerão encontros com as lideranças em cada comunidade: “Quero ouvir o que todos tem a dizer, conhecer as pessoas, as comunidades e suas vivencias, depois chegará minha vez de falar, de orientar para que o que está bom fique ainda melhor, sempre podemos melhorar, isso é Graça de Deus. Quero que as comunidades celebrem, que celebrem a vida, nos diferentes ambientes, seja nos movimentos ou pastorais, que celebrem os dons que elas têm, e que se unam em torno do grande objetivo que é o seguimento a Jesus Cristo, que sejam comunidades missionárias, e possamos formar uma família, como nos anima São Leonardo Murialdo: “Formemos uma bem unida família.” Uma família que se perdoa, que se ama, se respeite, se valorize e se acolha na diversidade pessoal, dos carismas e dons de cada um e trabalhem juntos, em fraternidade, compromisso e caridade.”
Sobre a atual conjuntura politico/social afirma: “Os tempos atuais nos desafiam, temos aí a Campanha da Fraternidade que nos interpela no sentido do cuidado com a vida das pessoas. Hoje percebe-se uma apatia, parece que perdemos o rumo, percebe-se uma desvalorização da vida e vejo isso como um grande desafio pastoral, educar as pessoas para a convivência fraterna, numa comunidade de comunidades, onde se respeitem nas diferenças, diante dessa sociedade que passa por uma mudança de paradigmas, que prega valores contrários a vida temos situações a serem olhadas com carinho, as composições familiares, as relações de trabalho, o cuidado com as crianças, jovens e com empobrecidos.
Para Pe Celso esse modo de governar e se relacionar “está maltratando os seres humanos, desprezando a vida dos seres humanos e o desejo de possuir a qualquer custo, a corrupção que destrói a vida contrariando valores éticos, morais e cristãos, levam as pessoas a indiferença e ao desespero, daí a importância de transmitir os valores cristãos e os compromissos do Evangelho.”
Sobre as luzes trazidas para toda a Igreja pelo Papa Francisco e sua ação profética, Pe Celso se declara grande admirador de sua capacidade de olhar para as feridas da Igreja e da sociedade, especialmente para os empobrecidos. “A pobreza é uma ferida para nós, e temos que olhar como Igreja para os pobres e buscar soluções para a superação. Se não conseguimos a nível global, nossa ação local pode com certeza mudar a vida de muitas pessoas, temos o exemplo da Epesmel que tem transformando a vida de muitos jovens e suas famílias. Ser Igreja em saída como nos pede o Papa Francisco, não significa ter de ir longe, mas ir às margens, buscar nos bairros de nossas comunidades vulnerabilidades a serem superadas.”
Um desejo trazido pelo novo pároco: Paróquia Cristo Bom Pastor seja “uma Igreja missionária, fazendo de sua vida um modo de evangelizar e convencer as pessoas com entusiasmo, aberta, sem guetos ou grupos fechados, sem autoritarismos, mas na força da verdadeira autoridade que é Jesus Cristo.”
Sobre a responsabilidade de atuar como pároco orientando as comunidades Pe Celso afirmou: “A grande responsabilidade de uma comunidade é não perder o rumo, tornar se uma comunidade forte, refletindo o jeito de ser de Jesus de Nazaré. Desejo que cada comunidade se fortaleça na fé, e os meios já sabemos: através da Palavra de Deus, da Eucaristia e da participação ativa na comunidade, com os diversos carismas e serviços, olhar e se deixar olhar por Cristo. Se cada comunidade entender que ela não está sozinha, mas que está com Jesus Cristo, não haverá individualismo e sim fraternidade entre todos. O dia em que as comunidades entenderem que são uma potência, pois estão em Jesus Cristo, crescerão em todos os sentidos. Espero que as comunidades estejam abertas e receptivas, como eu estou aberto e receptivo a ouvir e depois, também quero ser ouvido. Muitas coisas estão bem mas podem melhorar. Podemos fazer mais e melhor o bem. Quando crescemos na fé e no amor, a comunidade cresce, valorizando os dons de cada um e colocando-os a serviço de todos.”
Leoni Alves Garcia- PASCOM
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